Dezenas de pessoas lotaram o auditório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quarta-feira (30), em Brasília, para participar da ‘Oficina de capacitação das ouvidorias do SUS no combate ao mosquito Aedes aegypti. A maior parte dos participantes do encontro foi composta de trabalhadores e diretores dos departamentos de ouvidoria de estados, capitais, Distrito Federal e municípios com maior incidência de dengue, chikungunya e zika.
Iniciativa do Departamento de Ouvidoria Geral do SUS (Doges), da Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP/MS), o encontro
estimulou e orientou os ouvidores do SUS a compor as salas de situação montadas
nos estados e municípios, além de integrar suas ações às realizadas pelo
governo federal.
Desde que o número de infecções notificadas do vírus zika aumentou, nos últimos
meses de 2015 até o final de março de 2016, multiplicaram-se a quantidade de
ligações atendidas pelo Disque Saúde 136, referentes a informações sobre o
Aedes aegypti e as doenças que ele transmite. Segundo dados consolidados pelo
Doges, em dezembro de 2015 o serviço atendeu 552 chamadas sobre o tema. Em
março deste ano, o número saltou para 5.614. A partir deste aumento, o Doges
identificou a necessidade de um curso de capacitação para trabalhadores de
ouvidoria de todo o Brasil.
Segundo a diretora do departamento, Eliana Pinto, o trabalho das ouvidorias é
um instrumento genuíno de democracia porque oferece ao usuário do SUS um
contato direito com sistema de saúde. “É uma tarefa da sociedade brasileira
combater essa epidemia e a Ouvidoria é um instrumento eficaz para o engajamento
e conscientização da nossa população. A ouvidoria é um espaço de informação
legítima, confiável, com fé pública”, frisou.
ESTRATÉGIA NACIONAL – Desde o aumento do número de infecções pelas
doenças que têm Aedes aegypti como vetor comum, o governo federal criou
estratégias de mobilização em todas as regiões do país para eliminar focos de
procriação do mosquito, especialmente no Norte e Nordeste. A mobilização é
articulada pela Casa Civil, Ministério da Saúde, Ministério da Defesa, Sala
Nacional de Enfrentamento à Microcefalia e pelas 27 Salas de Enfrentamento estaduais,
envolvendo também todos os órgãos do Governo Federal.
“A presidenta da República se dedica pessoalmente à tarefa de combate ao Aedes
aegypti. Todos os órgãos do governo federal, seguindo suas determinações,
estão envolvidos nessa campanha e em todas as atividades que o governo
participa há sempre espaço para se falar sobre o tema. O envolvimento da
sociedade nesta luta é fundamental”, refletiu Cícero Cavalcante, da Secretaria
Nacional de Relações Político-Sociais da Presidência da República.
SOCIEDADE COMPROMETIDA – A adesão da sociedade à luta contra o
mosquito, especialmente em relação aos procedimentos de higiene domésticos, de
descarte de lixo em vias públicas e terrenos baldios, nomeadamente pneus,
garrafas e recipientes que acumulem água, é imprescindível para o sucesso da
campanha. Neste sentido, os departamentos e núcleos de ouvidoria em todo o
território nacional jogam papel de destaque neste processo.
“Não há como se pensar em combate a essa epidemia sem envolver sociedade,
estados e municípios. Se não houver um compromisso conjunto, nós não
conseguiremos vencer essa batalha”, ponderou o secretário substituto de Gestão
Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, André Bonifácio.
RESPONSABILIDADE PERENE – A primeira capacitação técnica do dia foi
orientada por Cláudio Maierovitch, da Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS/MS). “O combate ao mosquito não pode ser feito só no momento em que a
doença aparece. Se ele não for feito com a sociedade e poderes públicos em
todas as suas áreas, conjuntamente, dificilmente será possível controlar sua
infestação. O único mecanismo que existe hoje para prevenir essas três doenças
é a diminuição do número de mosquitos que infestam as nossas cidades”, disse.
Maierovitch endossou o discurso dos colegas sobre a responsabilidade coletiva
na luta contra o Aedes aegypti e outras arborviroses. “A doença pode ser um
problema de saúde, mas não é um problema exclusivo da saúde. Ela envolve o
saneamento, a abastecimento de água, a destinação do lixo das cidades,
informação, educação. São muitos os componentes do poder público e da sociedade
que podem interferir na redução da proliferação dos mosquitos”, refletiu.
Texto: Sócrates Bastos.
Fotos: Daniel Araújo.
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