20 de novembro, comemoração do dia da Consciência Negra, aqueles que
falam dessa data muitas vezes se recordam de Zumbi dos Palmares, que é o grande
ícone da luta contra o racismo por sua resistência contra a escravidão. Mesmo
na escola, muitos ouvimos falar de Zumbi e aprendemos que ele foi líder do
Quilombo de Palmares, onde negras e negros que fugiam da escravidão podiam encontrar
refúgio e organização política. No entanto, pouquíssimos sabem de quem se
tratava Dandara dos Palmares, uma figura tão importante quanto Zumbi pois se
trata da esposa de Zumbi e como ele, também lutou com armas pela libertação
total das negras e negros no Brasil; liderava mulheres e homens, também tinha
objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos
padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. E é precisamente
pela marca do machismo que Dandara não é reconhecida ou sequer estudada nas
escolas. Lamentavelmente, nem mesmo os movimentos negro e feminista mencionam
Dandara com a frequência que deveriam. De um lado, o machismo, que embora conte
com o trabalho árduo das mulheres negras, não lhes oferece posição de destaque
e voz de decisão. Do outro, o racismo, que só tem memória para mulheres
brancas. (Por Jarid Arraes novembro 7, 2014 no Portal Forum).
No dia 18 de novembro de 2015 a força ideológica de Dandara se fez
presente em uma marcha que reuniu mais e dez mil mulheres negras em uma
mobilização para defender direitos constitucionais, mas que ainda carecem da
compreensão e praticas positivas pelo povo brasileiro, que tanto deve as filhas
e filhos e da África que com sangue e suor contribuíram e contribuem para a
grandeza de nosso país.
Manifestações de uma cultura forte que apesar da opressão e perseguição
de seus símbolos e elementos, resistiu a ponto de influenciar profundamente a
cultura brasileira no vestuário, religião, gastronomia e com uma musicalidade
alegre que reflete o colorido da percepção de mundo que é característica das
mulheres negras e que nos contaminam por sua alegria.
O balanço foi positivo e teve grande aceitação pela esplanada, apesar do
triste episódio de agressões imputado por manifestantes que defendem a
intervenção militar e contra o atual governo, que estavam acampados no gramado
do Congresso Nacional, e jogavam bombas e efetuaram disparos com arma de fogo,
colocando em risco a integridade física das mulheres que ali passavam, provocando
tumultos na tentativa de macular a manifestação pacifica da marcha que
simboliza a resistência contra tal intolerância e desrespeitos sofridos pelas
negras e negros em todo o país.
Texto: José Antonio.
Fotos: Daniel Araújo - Repórter Fotográfico.