terça-feira, 28 de junho de 2016

Ouvidoria Dialógica em Saúde ou Ouvidoria Tecnocrática



Numa abordagem instigante o Mestre em Ciência Política e Doutor em Direito, da Universidade Federal da Universidade da Paraíba (UFPB), Rubens Pinto Lyra, traçou um perfil entre a ouvidoria “tecnocrática” e a ouvidoria dialógica.

Em primeiro lugar, defende em suas exposições que as ouvidorias públicas, inclusive a do SUS, como alternativa concreta devem ser colocadas à disposição da sociedade brasileira, e de todos que consideram que o aprofundamento da nossa democracia passa pela instituição de instrumentos de controle social idôneos. “Parece ser chegada a hora de investir na ampliação da discussão da proposta de um sistema nacional de ouvidorias, com características de autonomia e participação democrática, como instrumento pedagógico de mobilização e diálogo” ressaltou.

Na visão de Rubens Lyra, a ouvidoria tecnocrata se pauta regra geral, em critérios quantitativos, sendo considerada relevante a atuação de ouvidorias que obtiverem elevada satisfação de seus usuários. Essas características aproximam o tipo de ouvidoria sob a análise das ouvidorias privadas que atuam na lógica do mercado e aos interesses vinculados à reprodução do modo de produção.

Já a ouvidoria dialógica, segundo Rubens Lyra, é voltada para a defesa dos direitos do cidadão, concretizando-se no pleno respeito aos direitos fundamentais do cidadão. Porém, para que esse tipo de ouvidoria dialógica obtenha êxito em sua missão, deverá associá-la à busca de maior economicidade, transparência, eficácia e equidade na administração pública, o que só será possível se o seu titular, além dos atributos acima referidos, dispuser de autonomia. “Esse perfil de ouvidoria garante a participação da sociedade e seu representante e busca a credibilidade na população e está associada a sua independência em relação ao órgão em que atua,“ afirmou.

Para Rubens Lyra na perspectiva da atuação prática de ouvidoria, na definição conceitual e na relação com os demais órgãos, a ouvidoria se define como a representação do cidadão que se exerce com base na credibilidade do ouvidor e com o apoio da população, sem poder, mas com prerrogativas de autonomia. “Estou contente de fazer parte desta reflexão e visão critica sobre o papel da ouvidoria, num aprendizado rico do confronto de um modelo de ouvidoria autônoma e democrática, com práticas exitosas que foram expostas aqui. Reitero o posicionamento do Conselho Nacional de Saúde e de outros expositores, no sentido de propor e exigir o aprimoramento e os meios necessários para que as ouvidorias do SUS possam desempenhar a sua função de maneira eficaz, guardando, conservando e ampliando a credibilidade desse instrumento junto à população”, relatou.

Ressaltou, ainda, que as ouvidorias públicas são portadoras das reivindicações do cidadão e avaliadoras da gestão - duas competências distintas -. “Como antigo defensor das ouvidorias públicas e militante das lutas que visam garantir os direitos dos cidadãos, sempre fui motivado pelas minhas posições em acreditar nas transformações sociais em que o Estado intervenha efetivamente na melhoria das políticas públicas para a sociedade. Precisamos, entretanto, fazer uma reflexão sobre a relação do Estado com a sociedade, sobre como este diálogo está ocorrendo e, por fim, sobre a autonomia e participação da sociedade nas instâncias de controle social”, finalizou. 

Por Chica Picanço - DOGES/SGEP/MS

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