quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Doges participa do Forúm Internacional de Sistemas de saúde Comparados








































Além da mesa de abertura, o evento contou com mais três mesas redondas cada uma formada por um coordenador, três expositores e um debatedor, delas participando importantes atores no estudo e atuação na área de saúde.

Na palavra de abertura, o deputado Odorico Monteiro (PT-CE), destacou que o encontro realizou-se no mesmo momento da XV Conferência Nacional de Saúde, cuja etapa nacional também ocorreu no dia 1º de dezembro de 2015, afirmando que o papel do Fórum seria no sentido de fazer um link dos debates entre as discussões da Conferência e as discussões no âmbito da comissão, frisando que, no seu ponto de vista, o grande legado da XIV Conferência foi a criação do Programa Mais Médicos pelo governo brasileiro e que para ele o financiamento e gestão sistêmica seriam os grandes temas discutidos este ano.

O Coordenador da OPAS  (Organização Pan-Americana da Saúde), Geraldo Alfaro, destacou a importância de a saúde precisar ser autossustentável e que deve haver o fortalecimento da coordenação multissetorial. Já o secretário-executivo do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, Jurandi Frutuoso mencionou como um dos desafios, a discussão do financiamento e a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde.

Em sua feliz fala a professora Asa Cristina Laurell, do México, explanou a respeito das diferenças que há entre os sistemas de saúde e o seguro de saúde.  Pontuou sobre como o direito universal à saúde tem sido efetivado na América Latina, citando para tanto os exemplos do Brasil onde há um sistema único de saúde, que defende a saúde, e do México, Colômbia e Chile onde se adota o modelo de seguro de saúde, que restringe, ignora ou regra o direito à saúde. Havendo nesses países a prestação fragmentada da saúde, onde quem é pobre tem menos prestação à saúde. Conforme Asa Laurell, o Sistema Único de Saúde brasileiro é exemplo para os países da América Latina e para os países progressistas, haja vista que a saúde não pode ser vista como uma mercadoria e sim como um direito universal.

Maria do Socorro de Souza, presidente do Conselho Nacional de Saúde, reafirmou o posicionamento do deputado Odorico Monteiro quanto a preocupação com o financiamento, pois segundo o seu ponto de vista ele não é bem resolvido, nem bem definido.

A ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), representada no Fórum por Leonor Pacheco corroborou a diferença que existe entre a cobertura universal, que é aquela que não garante o acesso à prestação do serviço de saúde, e o sistema universal de saúde que é aquele que garante o acesso integral e oportuno à prestação do serviço de saúde. Na visão da associação o SUS possui desafios dentre os quais pode-se destacar, um sistema de saúde dual (complexa composição de serviços públicos e privados), influência de laboratórios, questões macroestruturais, a judicialização, entre outros, que influenciam no não cumprimento do Estado como garantidor do direito à saúde, conforme prevê a Lei nº 8.080/1990, de modo a prestar os serviços universal, integral e oportunamente.
Joaquim Noronha como representante da FIOCRUZ chamou a tenção para a equidade, que é defendida em nossa Carta Maior de 1988, bem como na Declaração Universal dos Direitos do Homem e no próprio Estatuto da Organização Mundial de Saúde de 1948 e identificando também como dificuldade a estratificação social e o envelhecimento da população que irá aumentar em até 35% os gastos na saúde.

Na segunda mesa redonda, que teve como coordenador o deputado Antônio Brito (PTB/BA), presidente da comissão de Seguridade Social, foi debatido sobre o desafio do financiamento dos sistemas públicos de saúde, apontando tanto seus expositores como debatedores ser este assunto de extrema importância no senário atual, haja vista o grande ataque que o Sistema Único de Saúde vem sofrendo pelas grandes emissoras de televisão de sinal aberto, assim como pelos jornais escritos e demais meios de informação de grande circulação pela internet.

Somado a esse ataque maciço dos grandes meios de comunicação existentes no país a questão da regulação que feita de maneira errada, impede que os serviços cheguem à população de maneira oportuna.

A terceira mesa teve como uma de suas expositoras a titular da cadeira da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da saúde, Secretária Lenir Santos. De acordo com ela, deve-se conjugar o cidadão com a saúde, isto é, tudo que diz respeito à sociedade deve ter a participação dela, daí ser imprescindível aprofundar essa democracia participativa. Para a secretária, superar a crise mundial em saúde, que consiste em ter uma disparidade naquilo que o Estado oferece com aquilo que a sociedade necessita pode ocorrer quando se firmar e aprofundar essa participação. Nas palavras de Lenir o correto é “nada sobre a sociedade sem a participação da sociedade.”

Por sua vez, a ALARMES (Associação Latino-américa de Medicina Social), através de sua representante Ana Maria Costa, reafirmou a importância da participação popular, frisando que essa democracia deve ser radicalizada, apontando ao contrário daquilo que pregam as democracias neoliberais que estão ligadas ao capitalismo, aos bens de capitais e destrói o direito universal à saúde, posicionando-se no sentido que devemos ser fortes defensores do Sistema Único de Saúde e contra a PEC 451, de autoria do deputado Eduardo Cunha, que conforme ela está longe de garantir a universalidade.

Fonte: Departamento de Ouvidoria Geral do SUS/DOGES

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